Investimentos ESG: a forma de investir sob uma ótica sustentável


Nunca o avanço da tecnologia e o compartilhamento do conhecimento em geral se deu de forma tão veloz como nos últimos anos. E isso impacta diretamente o próprio desenvolvimento da sociedade como um todo que, tendo mais fácil acesso ao conhecimento, tende também a se tornar mais consciente em relação a questões sociais e ambientais.

É cada vez mais comum observar consumidores se preocuparem com a origem dos produtos que adquirem. É o caso das pessoas que dão preferência a roupas fabricadas com tecidos naturais e que não tenham sido confeccionadas por mão de obra escrava, por exemplo.

Atentas a essa mudança de hábitos dos consumidores e percebendo a preocupação cada vez maior das pessoas em criarem uma sociedade mais sustentável, as empresas vêm adaptando seus processos a fim de acompanhar essa tendencia. Assim, para captar recursos no mercado financeiro com o intuito de financiar os seus projetos, as empresas vêm empregando um esforço cada vez maior para atender a critérios de sustentabilidade. Dessa forma, vem ganhando cada vez mais relevância no mercado os chamados Investimentos ESG. Mas afinal, o que são os Investimentos ESG?

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O que são os Investimentos ESG

A sigla ESG significa Environmental, Social and Governance, que em tradução livre, quer dizer Ambiental, Social e Governança.
        Investimentos ESG, além dos objetivos econômicos comuns a todos os investimentos, englobam também critérios no âmbito ambiental, social e de governança.

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Assim, empresas que se preocupam em manter padrões ESG vão muito além de atingir metas financeiras, elas têm um comprometimento em impactar o mundo de forma positiva, contribuindo para a construção de uma sociedade mais sustentável.

Tendo em vista que a própria sociedade vem evoluindo na questão da consciência em relação à sustentabilidade, fica evidente que as empresas que permanecerão no mercado são aquelas que assumem esse comprometimento de operar respeitando o Meio Ambiente, preocupando-se também com as questões sociais e assumindo um papel responsável com o quesito Governança.

E como as empresas podem mostrar um maior comprometimento com as questões ambiental, social e de Governança?

No aspecto Ambiental

As empresas que buscam manter padrões ESG têm uma preocupação real com questões relacionadas a:

  • Aquecimento global, buscando diminuir a emissão de gases que causam o efeito estufa (CO2, CO), dentre outros compostos orgânicos voláteis;
  • Utilização sustentável dos recursos naturais, considerando que estes são finitos;
  • Redução da geração de resíduos, além do tratamento de efluentes e resíduos sólidos gerados;
  • Desenvolvimento de processos com maior eficiência energética.

Com isso, vem ganhando força o conceito de Economia Circular em detrimento da Economia linear, ou seja, repensar o processo produtivo não apenas como um processo linear de extração de recursos, a transformação em produtos, a utilização desses produtos e, finalmente, o seu descarte. Mas a mudança de paradigma proporcionada pela Economia Circular, que desde o início do processo se preocupa em uma utilização sustentável da matéria-prima, um uso consciente dos produtos e sendo difundida a ideia de estimular a reciclagem, além de aumentar o ciclo de vida de produtos, o que, consequentemente, reduz a extração predatória de recursos naturais, bem como a redução da geração de resíduos.

Um paradigma a se quebrar é dissociar o crescimento e o consumo desenfreado de recursos.

No aspecto Social

A empresa comprometida com o conceito ESG se preocupa, no âmbito social, com questões como:

  • Equidade salarial entre gêneros, além de tornar mais proporcional a quantidade de mulheres em cargos de gestão nas empresas;
  • Estímulo da diversidade no ambiente corporativo, o que além de ser um avanço social, traz diversos benefícios à empresa, já que um ambiente mais diverso também é mais rico em ideias e inovação;
  • Relação profissional saudável entre empresa, funcionários e fornecedores;
  • Respeito aos Direitos Humanos não apenas no recinto empresarial, mas na relação com a sociedade como um todo.

Em relação à Governança

Além das questões socioambientais, a empresa que segue padrões ESG está também comprometida com a Governança. E a forma da companhia colocar essa questão em prática é através de:

  • Combate a fraudes e corrupção através da instauração de comitês que efetuem auditoria fiscal, por exemplo.
  • Promover a Transparência;
  • Dar independência a seus conselheiros: ocorre quando os membros do Conselho de Administração não possuem relação contratual com a companhia;
  • Respeito ao acionista minoritário.

            ESG no Brasil e no Mundo

As práticas ESG estão mais consolidadas em regiões como a Europa e países como Estados Unidos e Japão.

O conceito ESG é ainda incipiente no Brasil, mas vem ganhando força nos últimos anos, principalmente após uma crítica da sociedade em relação a diversos desastres ambientais que assolaram o país num curto espaço de tempo, como os incêndios causados na Amazônia e o vazamento de óleo sem precedentes no litoral Nordestino e que até hoje não houve a identificação e responsabilização dos culpados. Ambos os eventos ocorreram em 2019. Além dos crimes ambientais com o envolvimento da Mineradora Vale, como o rompimento das barragens em Brumadinho, em 2019, e o causado pela Samarco, que literalmente matou o Rio Doce, em 2015.

Um dado que mostra o quanto o Brasil tem a avançar é que apenas 4,1% das empresas acompanhadas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) publicaram relatórios de sustentabilidade entre os anos de 2015 e 2017.

Greenwashing: quando o discurso é diferente da prática

A mudança de hábito dos consumidores e sua visão crítica em relação à sustentabilidade têm causado um impacto positivo nas operações das empresas, levando essa mudança também a fornecedores, dentre outros intermediários do processo produtivo, ou seja, há uma mudança em toda a cadeia produtiva em relação às práticas de sustentabilidade graças a uma visão de consumo mais consciente das pessoas.

O grande problema é quando uma empresa que se diz sustentável no mercado a fim de conquistar os investidores, quando na realidade, seu discurso não condiz com a realidade de suas operações. Isso é chamado de Greenwashing.

Um grande exemplo da prática de Greenwashing no Brasil é o que fez a Vale, que em seus relatórios de sustentabilidade de 2017 e de 2018, a mineradora afirmava que desastres como o de Mariana, em 2015, não ocorreriam mais. Porém, em 2019, houve o crime ambiental em que rompeu a barragem de Brumadinho.

                Em contrapartida, a Natura coloca em prática as ações ESG antes mesmo desse termo se tornar conhecido.

                Vale a pena aplicar em Investimentos ESG?

                O ISE (índice de Sustentabilidade Empresarial) é um índice criado pela B3 (Brasil, Bolsa e Balcão) em 2005, sendo o 4º índice de Sustentabilidade criado no mundo. O ISE abrange as ações de 39 companhias que estão comprometidas com as práticas ESG, que somam R$ 1,8 trilhão de valor de mercado.

                Desde 2005, ano em que o ISE B3 foi criado até o fechamento da Bolsa de Valores na data de 25/11/2020, o ISE teve uma valorização de + 294,73%, ao passo que o Ibovespa teve uma valorização de + 245,06%. Considerando o mesmo período, o ISE B3 apresentou uma volatilidade (de 25,62%) menor que a do Ibovespa (28,10%).1 Isso mostra que empresas que adotam práticas ESG tendem a ser mais rentáveis que aquelas que não se preocupam com as práticas de sustentabilidade.

                A título de curiosidade, segue na tabela abaixo as empresas que compõem o ISE B3:

 

Tabela 1: Carteira ISE B3 20211

AES Tietê

CEMIG

ELETROBRAS

Lojas Americanas

Neoenergia

B2W

Cielo

Engie

Lojas Renner

Petrobras

Banco do Brasil

Copel

Fleury

M. Dias Branco

Santander

BR Distribuidora

Cosan

GPA

Marfrig

Suzano

Bradesco

CPFL

Itaú Unibanco

Minerva

Telefônica

BRF

Duratex

Itaúsa

Movida

Tim

BTG

Ecorodovias

Klabin

MRV

WEG

CCR

EDP

Light

Natura

 

      

              Estratégias dos investidores ao escolher as companhias alinhadas às práticas ESG

           Há aqueles investidores que simplesmente excluem de seus portfolios as empresas ou setores que não se comprometem com as práticas ESG. Um exemplo são os investidores que não aplicam em companhias da área de tabaco, termelétricas a carvão etc.
          Não adianta o investidor simplesmente excluir empresas da área de Mineração, por exemplo, devido ao seu grande impacto ambiental, se esse mesmo investidor utiliza os produtos que dependem desse setor para serem produzidos. É muito mais efetivo esse investidor se engajar em relação à empresa, não simplesmente fazendo críticas nas redes sociais, mas estudar tecnicamente como um determinado setor pode melhorar e tentar propor soluções para reduzir o impacto ambiental. No longo prazo, essa empresa gerará valor para a sociedade, avançando nas questões ambientais, sociais e de Governança. Esse é o caminho ao se pensar em ESG, que vai muito além que apenas se negar a investir numa empresa. Deve-se também estimular e dar o tempo necessário para uma companhia evoluir nas questões ESG.
           Da mesma forma, não adianta investir em companhias apenas pelo fato delas incorporarem práticas ESG, se essas mesmas companhias não tiverem resultados financeiros esperados. 


O que esperar para os próximos anos em relação às práticas ESG?

A própria pandemia no Novo Coronavírus veio para mostrar a importância do coletivo e como a atitude individual impacta todo o seu entorno, o que mostra a relevância do aspecto social.

Estudos têm mostrado que empresas que adotam práticas ESG proporcionam maior retorno por ter menos risco de no futuro serem negativamente impactadas.

Com o advento nas redes sociais, a imagem de uma empresa que desrespeita algum critério, seja ambiental, social ou de Governança, rapidamente fica maculada frente à opinião pública, que pressionando essa empresa, faz também com que investidores saiam do negócio.

Isso mostra que as empresas que sobreviverão no futuro devem se adaptar a uma sociedade mais consciente e que valoriza aquelas que se preocupam não apenas atingir os objetivos financeiros, mas também de gerar valor à sociedade como um todo.

Assim, as empresas que hoje não se preocupam em se engajar com as práticas ESG estarão fadadas ao fracasso no futuro, tendo em vista que não há como se pensar num mundo melhor sem se preocupar com um crescimento sustentável.

Fonte:

1.       Dados obtidos no site da B3


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